quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Viagens de fim de tarde

De todas as coisas que mais amo,
poucas se movem ou tem forma.

Daquelas que correm e gargalham,

Dois terços ou mais são mulheres,

Metade do que sobra, animais,

A outra, amigos perdidos


Amar é fechar os olhos e dar de cara,

Amar é dormir sem pensar em nada,
Amar é mergulhar e ficar de ponta a cabeça,

Amar é sofrer por nada e sorrir por sofrer

Amar é detalhes não ver


E mesmo nas inversões mais feias,

Amar é achar a lógica linda e inalterável.


De todo o resto que não se move ou chora,

Amo sensações, das imensas às róseas.
Não tem explicação, nem pedra no rim que sirva

como ponto de comparação...


Amar o silêncio sob as águas,

Amar zumbido do quase dormir

Amar o banheiro vazio e o mictório urgente

Amar o última dose que vão te servir.
Amar um olhar, uma gozada, um sinal verde
Amar a Internet, água gelada, amar normalmente

É sem dúvida no meio das dúvidas
surge o verdadeiro amor
De dentro de um flor feia e enrugada,
o melhor beijo, a melhor trepada.
E o gostinho amargo fica pra sempre,
Como marca em um fantasma carente.

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