sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Aula de quarta-feira

A verdade, eu te digo
não passa de uma invenção
fraca, torta, um inimigo
de quem quer dominar a razão
E para que dominar a razão
se não para controlar a sociedade
e transformar a sabedoria
numa correria de vaidades
Então contemos mais mentiras
para proteger as verdades
retirantes das falsas gírias,
banhistas no sol da tarde.
Construiremos castelos de cartolina
bandeirantes de solos inférteis,
nulos, mortos, jazendo nas colinas.
Até que tudo caia, se distraia
e se despedace em cacos afiados
para recomeçar tudo de novo.
Com exploradores míopes e cansados
de pés cortados e corações atrofiados.

Neste ponto da história,
não há mais verdades, nem mentiras
há contos e lendas divertidas
sobre coisas que todos acham
mas que ninguém pode acreditar.

Até que alguém na curva do vento
começa a criar novas verdades
sobre uma base de mentiras
sem pressa, sem gritos, sem alarde,
cria-se um novo mundo novo
onde os banhistas continuam tomando o sol da tarde.

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