terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Que saudade do que não foi

Dos tempos em que a empolgação fazia uma vida. Em que os argumentos eram as maiores e melhores armas. Em que o conhecimento pleno era o objetivo utópico a ser alcançado. Dos tempos que nunca existiram.

A Christmas Greeting" (From a Northern Star-Group to a Southern. 1889-90) Welcome, Brazilian brother — thy ample place is ready. A loving hand — a smile from the North —, a sunny instant hail! (Let the future care for itself, where it reveals its troubles, impedimentas. Ours, ours the present throe, the democratic aim, the acceptance and the faith). To thee today our reaching arm, our turning neck — to thee from us the expectant eye. Thou cluster free! thou brilliant lustrous one! Thou learning well the true lesson of a nation's light in the sky (More shining than the Cross, more than the Crown,). The height to be superb humanity. Walt Whitman (1819-1892)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Quinta-feira à noite

ou a volta tardia dos acentos.

Enquanto estamos preocupados com dinheiro, o mundo continua girando; o universo se expandindo; estrelas morrendo, outras nascendo; galáxias inteiras sumindo e dançando num espaço que nunca existiu. Não entendemos nossa própria natureza, não sabemos nada sobre nossa própria capacidade cerebral. Não entendemos nossa própria casa. Descobrimos movimentos corporais novos a cada segundo. E o pensamento, outro incompreendido, fica perdido entre as perguntas sem respostas que nos fazem humanos e o horário do trem. E as dúvidas são plantadas sobre a angústia do cotidiano e perdem o sentido. O velho "para que servimos?" passa a ser "por que meu chefe é tão burro?". Todo mundo sai perdendo. Enquanto isso, o mundo continua girando...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O sonho do corredor

Um corredor sem portas nem janelas. Um feixe de luz ilumina o exato lugar onde me encontro. Com as mãos, impeço que uma parede de corpos, lembranças e vozes avance pelo corredor. Jogo todo o peso do corpo contra a massa e meus pés escorregam. Atrás de mim, uma criança magra, suja, frágil e esfarrapada me olha com lágrimas nos olhos. Assustada e paralizada de medo, ela apenas me olha. Grito "corre", mas ela não se move. Os corpos e vozes forçam passagem, e meus calcanhares encostam no tornozelo da criança. Me concentro, encontro os olhos perdidos que me atacam e me empurram. Perco a criança do meu raio de visão. Quando meu joelho vacila, escuto "só posso correr se você vier comigo". Choro, perco força e um braço dos tantos que me empurram agarra minha mão. Grito desesperado "Fuja! Corra! Saia daqui!", mas o pequeno agarra minha calça.

Até hoje não sei se corri ou se fui tragado pela massa de corpos anônimos que um dia conheci. As vezes parece que nossa missão é impedir o passado de virar presente e nunca correr para o futuro.