quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Eterna busca

E se tudo o que buscas está dentro de você,
seu deus, seu amor, seu mar, sua cor, sua solução
Nada há fora, só sombras como já dizia platão.
Ele só esqueceu de dizer que lá fora
está dentro de você


Outro dia li a bíblia e qual foi minha surpresa

Quando me deparei com a minha própria história,

Meu paraíso uterino é o jardim do éden divino

Onde nada preciso fazer, trabalhar ou comer

Onde há frutas ao meu dispor, onde só há amor


Depois, lançado no mundo, em meio a sangue e dor

Perdi, com o choro, minha felicidade incondicional

E ouvindo atento aos ruídos do mundo exterior

Criei meu próprio conceito de realidade universal


Com os olhos abertos, dei forma ao que via

Com a língua enrolada, dei nome ao que me existia

Com as mãos pequeninas, toquei minha verdade

Com as lágrimas, representei minhas vontades

(Estava criado meu mundo, em essência)


Depois da primeira fase, só precisava obedecer

Meus pais me diziam, preocupados, o que fazer

Este foi meu velho testamente, não havia opção

Era esperar o tempo passar e trabalhar meu coração

Quando menos esperava, vivi os novos livros
Foi me dado o tão esperado livre-arbítrio
Na adolescência, em meio a crises e revoluções,
rompi com meus deuses e desconstrui minhas ilusões

Já adulto, sofri o eterno dilema humano
Defender meus ideiais a qualquer custo
ou me entregar de pronto à um mundo insano,
sedento em me devorar

Crucificado ou não, ainda não cheguei ao meu final,
no momento em que meus anjos e demônios tomarão meu coração
para apresentar a conta crucial,
onde estará detalhado tudo o que fiz,
todo meu bem e todo meu mal

No segundo anterior ao cessar da minha respiração
assistirei impassível, passar toda a minha vida em essência
numa guerra interior inclemente de sangue, suor e paixão
para, finalmente, fechar os olhos para o único caminho possível
o fim definitivo da minha existência

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