segunda-feira, 31 de maio de 2010

Tranqueira

Quando a bola quicou na sua frente, ele perdeu a chance de marcar o gol. Depois, só recuou. Só foi se dar conta da real situação no momento em que estava de goleiro, parado, esperando que os outros lhe dessem um pouco de emoção. Mas nunca lhe davam. Ali ficou esperando uma lufada de coragem que o impelisse a abandonar o campo, ou que alguém cansasse e pedisse a posição. Nunca aconteceu. No meio do jogo, desejou seu fim. Desejou tanto que o tempo quase parou. Quando o fim se transformou em algo tangível, ele resolveu. Avisou a todos que ia fazer o que tinha vontade. Mas como aquilo tinha sido dito tantas vezes sem se transformar em realidade, ninguém deu bola. Entretanto, daquela vez era pra valer. Sem prefácio, começou a correr, atravessou o gramado, marcou o gol e saiu de campo. Nunca mais ninguém soube dele. Que ele está feliz é a única certeza daqueles que ficaram pra trás.

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