quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sujeito verbal

Descobri que estava apaixonado exatamente no momento em que ela se foi. Triste, porém verdade. Enquanto dividíamos a cama e o ar, ficávamos em um jogral de amor e ódio. Parece normal, acredito que seja, mas ainda assim é diferente. Daí, deixe-me pensar sobre o assunto e acabei caindo no labirinto do significado das palavras.

A primeira grande questão e, acredito a mais básica e importante, seria: qual a diferença entre sentir, sofrer e entender? Sentir uma frase ou sentir alguém talvez seja quando o coração e a mente entram no processo juntos. Entendimento é cérebro e só. Sofrimento, para o bem ou para o mal, apenas coração. Compartilhar o sentimento é consequência imediata para aqueles que sentem e que sofrem. Como sentir, como sofrer? Não tenho a menor idéia.

Voltando a história. Com ela junto de mim, sentia amor. Sentimento linear, calmo, constante. Paralelo ao amor, um tipo brando de ódio, conhecido como implicância. Implicância esta que, por vezes, cruzava a linha do amor. Nada grave, tudo previsto no roteiro de um relacionamento. Depois de um certo tempo, o sentimento amor passou a ser entendimento amor. E aí só razão.

Quando ela fechou a porta e deixou-me sozinho, senti imediatamente paixão. Sentimento plano, nervoso, ansioso, voraz. A imagem do rosto dela impregnou minha retina de forma que a via fechando ou não os olhos. Suava, doía meu estômago. Não sabia se tinha fome ou sono. Se queria sair ou dormir. A paixão sentida revirava meu corpo. Era sentimento puro, era sofrimento puro, só coração.

E tive que esperar. Dentro do chavão corretíssimo, só o tempo poderia resolver. E resolveu. O sofrer deu lugar ao sentir que, por fim, foi substítuido pelo entender. Longo processo de verbos para acalmar o sujeito. Evidentemente sabia e sei que apenas uma história havia terminado. Por mais que, às vezes, comece a suar deseperadamente.

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