quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Milagres subornados

Deus disse: venham a mim. Ninguém se moveu. Mandou seu filho. Na arrogância adolescente, disse: levanta-te e anda. Ninguém levantou, muito menos andou. Tentou mais uma vez: os que não podem ver, abram os olhos e contemplem. Mas ninguém viu nada por detrás das cataratas. Atrás da cortina azul de bordados borboleta, o diabo prendia o riso. Deus cansou, pediu uma água com gás e foi fumar um cigarro no jardim. Seu filho, ainda novo, se trancou no quarto e se perdeu nas músicas do iPod. O diabo gargalhava. Ria, pois depois que o todo poderoso saiu da sala, o tetraplégico andou e o cego viu. A primeira coisa que fizeram foi cobrar a parte deles no acordo. O diabo pagou rindo.

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