quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Forte

Ele sempre esteve lá. Imponente, gigante e preto. Os locais chamavam a estrutura de Black Fort. Diz a lenda que já foi usado por guerreiros da Babilônia, espartanos sedentos por sangue, putas sonhadoras e órfãos de padres safados.

Hoje é apenas uma sombra que não deixa a grama crescer no lado sul. Ele sempre esteve lá e eu nunca tive coragem de chegar perto. Ouvia ou imaginava ouvir o grito dos guerreiros, os gemidos de amores impossíveis das putas, o choro dos órfãos. Nunca fui.

Velho, me permiti conversar com as vozes e subir as escadas da ruína. Abri os ouvidos e ignorei as mensagens e reclamações. Subi 473 lances de escada, tropecei 12 vezes e enfiei minha bengala em quatro buracos. No final, cheguei ao alto da torre norte, a mais alta e bela do forte.

Lá de cima conclui o óbvio. O panorama era lindo, mas o forte era realmente preto. Por algum motivo acreditava que quando chegasse lá, iria me deparar com outra cor, talvez branca, laranja ou até lilás. O óbvio machuca, o óbvio é triste. Desci e me afastei o máximo que pude.

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