quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Guerra dos Trinta Anos


A cada discussão que tenho, a cada absurdo que ouço, chego mais perto da conclusão infeliz que ainda engatinhamos na política. A defesa da violência, o uso da mentira como argumento mais valioso, o inacreditável desrespeito às leis, e - principalmente - a inteira falta de pudor são apenas alguns dos fatores que confirmam nossa infantilidade no processo político.

Dizia um velho sábio que as leis são feitas de acordo com a cultura local e não o contrário. No Brasil, podemos tranquilamente melhorar a frase: as leis e a política são feitas de acordo com a cultura local. Metade do país não está preparado para um governo diferente daquele que temos hoje. São reflexos perfeitos do que temos em brasília. São milhões de lulinhas felizes que, se pudessem, fariam o mesmo o que está sendo feito.

Os países que hoje tem a democracia como característica forte passaram por guerras, por revoluções. O Brasil passa pelo PT. A conclusão depressiva é a de que precisamos de muito PT na veia para que a coisa melhore, para que as pessoas se desgarrem da política partidária e passem a defender os interesses do país, para que os indivíduos amadureçam e tenham o poder impressionante do pensar independente. Não sei se veremos - nossa geração - o virar desta página trágica na qual vivemos.

O PT tem um plano de poder e trabalhou nele por três décadas. O PSDB pensou, em longo prazo, e melhorou as engrenagens brasileiras. Não importa que eu tenha um celular, não importa que a Vale seja uma das primeiras empresas do mundo, não importa o Real, não importam os fatos. O que importa é que durante trinta anos foi dito e repetido que tudo estava errado, durante trinta anos as pessoas foram treinadas para ouvir as versões. O projeto de poder do PT se revela perfeito. Nada o abala. E se abalar, a contra-informação abafa. Somos 42% deste país (até agora) e, segundo o presidente, somos nada.

Enquanto os dados rolam, o PSDB terá de encontrar uma saída para o beco em que está: ou atua como o PT na base do quanto pior melhor e se iguala aos adversários, ou assume posições claras no jogo político, mesmo perdendo votos, mas recolocando a história na linha dos fatos. É um processo longo que talvez leve uns trinta anos.

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