segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A cavalaria dos mortos

Com pompa, o presidente da Associação dos Direitos Humanos da Espanha apresentou trabalhos e pesquisas, falou com orgulho dos processos contra Pinochet e contra as ditaduras militares na Argentina, Guatemala, Congo e Zimbábue. Discorreu sobre a dificuldade de conseguir provas contra torturadores e assassinos oficiais e atacou como era de se esperar os paises que compõem o Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, GB, Franca e China).

O discurso foi emocionante, montado, com frases de efeito, recheado de descrições detalhadas de torturas, perfeito para garantir a cumplicidade de quase toda a turma. Todavia, o que me saltou em cada frase foram as contradições, velhas contradições.

A primeira: os direitos humanos e o direito fundamental a livre a informação só servem, claro, para os governos considerados de direita. Cuba e Venezuela não estão neste grupo e, portanto, são resguardados. E ai de quem perguntar sobre a ditadura de Fidel.

A segunda: quando tinha entendido que deve ser realmente difícil recolher provas para processar aqueles que ferem os diretos fundamentais do ser humano, nos foi apresentado um vídeo sobre torturas em prisões americanas, com nomes, data, testemunhas etc.

Conclusão numero um: se existem provas contra o governo americano, por que não utilizá-las para pressões internacionais, por que não fazer barulho, ou pelo menos soltar uma nota de que Bush vai ser levado ao tribunal Internacional? E com a China? Não se pode fazer nada diante das execuções diárias? E Birmânia? E Cuba? E Venezuela? Evidente que é muito mais fácil atacar quem já virou passado. Portanto, os Direitos Humanos estão sempre atrasados 10 anos ou é a cavalaria que chega quando já estão todos mortos.

Conclusão numero dois: os direitos humanos só servem para aqueles que vivem e sofrem sob algum governo considerado ideologicamente inimigo. Portanto, a ideologia política burra e inquestionada mata mais que todas as ditaduras ou a burrice está varrendo o mundo.

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