segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Carta de mim pra mim mesmo

Caro Luís,

Os horizontes novos estão atrás dos prédios e dos outdoors. Atrás da favela e do carro de som do candidato a vereador. Tem que correr, derrubar parede, pular de janela, tropeçar em cerca de arame farpado, levar beliscão, fazer careta, assobiar mozart, cortar cebola assobiando mozart, fazer gol de canela, me procurar na esquina, ir tomar banho, virar cambalhota, dia-sim-dia-não. E tem mais! Eles só se tornam novos depois que o cara chega e pisa e canta uma música de improviso. Até lá eles são mesmo é velhos. Quer dizer, em constante mudança. Quer dizer,... entendeu, né?

Mas aí, minha dúvida: e se, chegando, não for lá? Paciência. Tira foto, manda um postal, scrap no orkut, "aquele abraço na galera!", "pega aí meu email!", "vai me visitar quando?", "foi um grande prazer, mas meu horizonte é mais pra leste". Meus pés sujos são troféus e eu sei que meus netos vão gostar das histórias que eu tenho pra contar. Além do mais, se aprende melhor onde se está e isso é priceless.

Acho também outra coisa, se me permite. Acho também que tem hora que o tal horizonte, a vista que você sempre quis emoldurada pela sua janela, está logo atrás daquela colina. Aquela ali. Não, não! Aquela outra! Isso! Essa! E tá que o sujeito, que acabou de chegar, sai correndo pro outro lado! Sabe como é? Pois é. Então antes de sair correndo outra vez, vou dar uma volta na vizinhança. A gente acaba perdendo um tanto de paisagem nesse correr-sem-calma.

PARÁGRAFO ÚNICO:
Horizontes velhos: lavou, tá novo.

Essa é a minha opinião hoje. Amanhã é outra.
Aquele abraço direto do suvaco do Redentor ("Jack! I'm flying!" no cume do Corcovado).

Luís - Dando uma volta na vizinhança

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